sábado, 16 de junho de 2007

É o que dá fazer tectos de cartão!

Estamos em Junho! Mas, enquanto o mundo civilizado tem sol e calor nesta altura, nuvens negras pairam sobre o país dos gigantes, ironicamente chamado de Baixo. Na 5ª feira, essas nuvens decidem precipitar-se sobre nós. E todas ao mesmo tempo! De tal maneira que o andar de baixo no lab ficou alagado, e o tecto do meu gabinete começou a chorar. Como é óbvio, a chuva não parou quando eu queria ir para casa. Tal com o zef, chuço nem vê-lo. Chegado a casa, aquele cantinho já meu conhecido da cozinha, tava na sua sinfonia habitual a encher os baldes. Plimplimplim! Ponho a roupa a secar para se juntar ao pinganço. No dia seguinte, vou dizer ao senhorio que o tecto continuava na mesma. Saio de lá com promessa de alguém ir lá arranjar. Só estou à espera da próxima chuva (que não deve tardar!) para confirmar.
No dia seguinte, tudo mais calmo. Não chove no caminho para o lab. Mas a história ainda não acabou!
Quando chego ao gabinete, água mole em tecto falso, tanto molha até que se espatifa no chão e emporcalha tudo.
No fim de contas, uma grande semana.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Coelho e o Tritão

Num qualquer dia de Primavera, ainda a memória das grandes chuvas estava bem presente, um pequeno tritão camuflado, como são todos, andava à procura de um charco. Ia calmamente pela sombra e por sítios húmidos para se sentir mais fresco. Desde pequenino que ouvia a história do Linque que um dia, querendo ir mais depressa para outro charco onde o esperavam, atravessou um descampado num dia quente, apesar dos conselhos de tritões mais velhos. Nunca mais ninguém o viu depois disso!

Mas o nosso amigo não se preocupava muito com isso. Como não tinha pressa, preferiu o caminho mais seguro e também mais fresco. Não ganhava nada em caminhar ao sol, que estava bastante quente para aquela altura do ano. Ia então pelo meio dos arbustos, bem rente ao chão, desajeitadamente, com o seu comprido corpo e cauda a balancear à medida que ia avançando.

- Nunca mais chego à água! É muito mais fácil nadar do que andar. Na água sinto-me muito melhor. Parece que a barriga fica mais leve e esta cauda gigante que tenho atrás de mim serve para alguma coisa na água, enquanto que aqui só serve para me magoar nestas silvas quando passo.

Por falar em silvas; o tritão ainda não sabe, mas não está sozinho no meio das silvas. Outros animais utilizam as silvas para se esconderem quando acham que estão em perigo. Não é difícil de imaginar o susto que apanhou quando viu o grande animal coberto de pêlo que lhe apareceu de repente à sua frente.

Correu logo para fora do alcance daquele grande bicho, escondendo-se atrás de uns ramos mais grossos das silvas. Quando ganhou coragem, espreitou para ver onde andava a grande fera. Para sua surpresa, continuava exactamente no mesmo sítio onde a tinha visto. Parecia que nem sequer tinha dado conta da presença dele. Começou a aproximar-se a medo, levado pela curiosidade. Nunca tinha visto, na sua curta vida, animal tão estranho, o seu corpo coberto de pequenos fios, da cabeça saem o que parece ser duas caudas gigantes, também cobertas daqueles fios brancos. Ao se aperceber que só as tais caudas são maiores que o seu corpo todo, o tritão estremece todo. Ao fazer isso, o grande animal dá pela presença do tritão e vira-se de repente. O tritão assusta-se e parece que fica verde pálido e pára de se mexer, como uma estátua.

Se o tritão tivesse aprendido na escola os nomes dos animais, teria logo descoberto que este era um coelho e que não está em perigo porque apesar dos coelhos comerem coisas verdes como os tritões, prefere as coisas verdes que não se mexem. A surpresa do coelho não é tão grande como foi a do tritão. A pequenez da outra criatura não lhe causava medo, principalmente naquele momento, quando se estava a esconder de uma outra bem maior.

O tritão fez por fugir, mas ao ver que o coelho não o estava a perseguir voltou para trás, cada vez mais curioso por animal tão grande não o tentar comer. Aproxima-se novamente, e repara que o coelho estava novamente no mesmo sítio a olhar para fora dos arbustos, quase que diria com medo de alguma coisa. De quê, não conseguiu perceber.

Aproximou-se ainda mais, agora não para ver o coelho, mas para tentar perceber o que o estava a assustar. Devia ser algo terrível para assustar um animal tão grande!

- Consegues vê-lo?

- ...

O tritão bem olha na direcção que o coelho parece estar a apontar, mas não vê nada. - O quê?! - O grandalhão com voz de trovão!

- !!!

- Sempre que ele fala, um dos meus amigos cai e não se volta a levantar.

- Então temos de sair daqui para fora...